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Você tem Brio?

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Você vai chegar em casa agora. Ao invés de entrar no Facebook, você vai botar no Google: Ká Á Êne Tê Fundamentos da Metafísica dos Costumes.

É domínio público! Custo zero!

Aí você pega e seleciona, vai, as três primeiras páginas!

Professor, e as outras páginas?

Foda-se!

Ele não se incomoda com o mil, nós vamos dar para ele uma chance: Três páginas!

Você seleciona, imprime, e lê!

Professor, mas três páginas leva um minuto e meio.

Não! Não leva não! Porque você pega o primeiro parágrafo, lê. Ele vai te produzir um certo desconforto. Isso com a aula! Com a aula.

Aí você pega o primeiro parágrafo, lê de novo.

O senhor está me chamando de burro?!?!

Não.

Ou se eu estou, chamando de burro, chame-me também, porque é também assim que eu leio.

Lê a terceira vez o primeiro parágrafo. Aí vai pro segundo parágrafo: Uma vez, duas vezes, três vezes. Então gasta uma hora em três páginas.

Professor, desse jeito eu nunca vou saber qual é o final da historia.

Então… Não tem; final da história!

O resto do livro é tão desinteressante quanto estas três primeiras páginas. Você não está perdendo nada. Fique só nas três primeiras páginas. Tá certo? E, porque? Porque se você não fizer a experiência da leitura de um texto difícil, agora, acredite, você terá perdido, a chance, a chance… e você dirá:

Mas eu não me interesso por questões filosóficas.

Não! É só uma questão de brio!

Você tem brio?

Sabe o que é brio? Eu dizer: Malandro, você é tosquinho. Você não entende.

Noooossa, nossa, eu volto pra casa, eu vou, é a primeira coisa que eu faço. Nem xixi, velho. Eu vou lá, vou por lá Kant e vem o texto eu vou ler e tal. Porque? Como pode um cara escrever uma coisa que eu não entenda? Não tem como! Eu vou ler aquela merda até entender!

Isso e brio! Se não o nego caga na sua cabeça e você não reage! Não, vai pegar lá o Kotler, tem um solzinho, né? Vai lá… é, pra você é o máximo que dá velho. Num, você tem o teto, num tem jeito, né, é, o vento venta, a maré mareia, o sapo sapeia e você é marketeiro. Você, dali pra cima você não passa. Você está dando razão para os gregos. Sabe? Nasceu pra, pra, coió, num num é da da, num pode! Isso te fere a alma!

Como assim eu não vou entender?!?! Eu comi na infância. Né? Comi, me deram leite materno, me deram leite ninho, me deram não sei o que. Cérebro tem o tamanho de um cérebro normal. Neurônio, tem neurônio à vontade, então, então porra se o cara escreveu, velho, você só vai entender o que ele escreveu. Você imagina que ele teve que tirar do zero aquela merda toda. É que nem o teorema de Pitágoras: Ele descobriu o teorema, você só tem que aplicar no triângulo retângulo: A hipotenusa é tanto, o cateto é tanto, quanto é o outro cateto? Você só tem que pegar a hipotenusa, elevar ao quadrado, o cateto ao quadrado, somar, diminuir e chegar com… e você erra! Vai ser burro na cadeia! Velho! Caralho! Porque o cara na Grécia, cinco séculos antes de Cristo, descobriu o que você, mil e quinhentos, cinco mil anos depois não consegue aplicar! Pô, você tem que comer alfafa, caramba, vai ser burro no inferno.

Então claro isso e o tipo de cotucada, você vai dzer:

Professor, mas a pedagogia co…

A pedagogia que se foda! Você precisa sentar a bunda na cadeira e melhorar a tua capacidade de pensamento, porque depois você aplica aonde for, porque se você só ficar no show do Ari Toledo, coisas fáceis, e solzinho, públicos e aqui tá a empresa, mi mi mi mi mi mi, mas pelo amor de deus, velho, isso aí é, é, é, sabe? Na quinta série primária já daria pra entender essa merda. Pega alguma coisa de gente. Tenha culhão. Mesmo que não, mesmo que não tenha nada a ver com você, tenha, tenha, tenha sangue! Reaja!

Professor eu não faço questão nenhuma de… hummm

Hum, tudo bem. Eu fiz o que eu pude.

Ignorance is a bless…

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Do we have a deal, Mr. Reagan?

– You know. I know this steak does not exist… I know that when I put it in my mouth, the Matrix is telling my brain that it is juicy and delicious. After nine years you know what I realize? Ohhh… Ignorance is  bliss.

Then we have a deal?

– I don’t want remember nothing. NOTHING! You understand? And I wanna be rich. Someone important. Like an actor.

Whatever you want, Mr. Reagan.



Nós temos um acordo, Sr. Reagan?

– Você entende. Eu sei que este bife não existe… Eu sei que quando eu coloco ele na minha boca, a Matrix diz ao meu cérebro que ele é suculento e delicioso. Depois de nove anos, sabe o que eu descobri? Ohhh… Ignorância é  Felicidade!

Então temos um acordo?

– Eu não quero me lembrar de nada. NADA! Entendeu? E eu quero ser rico. Alguém importante. Tipo um ator.

O que desejar, Sr. Reagan.

É muito esculacho nessa vida…

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7:58

– Eu não fico triste com nada. Sempre tô “se” drogando. Sou ladrão. Eu roubo porque ninguém me dá nada. Se eu não robuar, ninguém vai me dar. Aí eu tenho que roubar mesmo. Se eu não roubar, vou ficar duro. Eu roubo pra viver.

– Faz o que com a grana?

– Ah, gasto. Fumo veneno (maconha com cocaína, dou uns tecos (cheiro cocaína).

– Me conta do seu dia. Me conta como é o seu dia?

– Meu dia, não. A noite. Porque de dia eu durmo, e à noite eu fico acordado. Eu durmo de dia e acordo de noite. Fico a noite toda acordado. De dia é muita polícia na favela.

– E de noite?

– De noite é arregado (subornado). Não entra nada. Se entrar, vai bala. Eles têm medo de tomar tiro. Aí não entra, não.

– Você faria o que com muito dinheiro?

– Ah, comprava uma moto, comprava uma casa. Trazia minha mãe pra morar aqui. Lá onde ela mora é muito ruim.

– E você faria o que com a moto?

– Ficava tirando onda. As “mulé” aqui só namora quem tem “motinha”, dinheiro. É muito dificil pegar um caidinho que nem eu. Só se for caidinha também. Mas se for bonita, quer tirar onda, aí tem que estourar a boa (roubar).

– E as outras crianças que não precisam roubar?

– As que não precisam roubar, é porque o pai tem condições de criar. Tem… Dá de tudo, “motinha”… Aí ele nem pensa em virar o que eu sou.

– Mas às vezes você chora?

– Não.

– Quando fica triste?

– Eu não fico triste com nada. Sempre tô “se” drogando. Não penso em nada. Só rir, só alegria. Enquanto tem dinheiro. Quando o dinheiro acaba, tem que roubar, tem que meter as “cara” na pista. O ritmo é chapa quente.

– Você tá preparado?

– Tô preparado não. O que “vim” eu tô fazendo. Ainda sou novinho. Tenho muito pra curtir.

– E se morrer?

– Se morrer, nasce outro que nem eu. Ou pior. Ou melhor. Se eu morrer, eu vou descansar. É muito esculacho nessa vida.

Vincent Liopard. is a BIUCS Project.