Como funciona o cérebro – Saber o que não se sabe é ótimo ponto de partida. Nesse particular, os estudiosos do universo estão em posição privilegiada se comparados aos neurofisiologistas, cientistas devotados a entender o mecanismo de funcionamento do cérebro humano. “Os neurofisiologistas são talvez os pesquisadores mais brilhantes de nosso tempo. Paradoxalmente, são os que menos respostas têm para dar e menos perguntas significativas conseguem formular”, diz Trefil. Tentar entender os mecanismos físicos da consciência humana será, sem dúvida, uma das mais espetaculares empreitadas científicas do próximo século. Essa área de pesquisa está ainda engatinhando. Uma das razões do atraso é que , para muitos teóricos, o cérebro não tem capacidade de entender a si mesmo. “É um ardil. quando o cérebro humano se aperfeiçoar a ponto de entender a si próprio ele se terá modificado de tal forma que será preciso iniciar o estudo de novo do ponto de partida”, comenta o matemático inglês Robert Penrose. Segundo ele, o mistério do cérebro humano poderá um dia ser revelado, mas isso ocorrerá por meio de estudos indiretos. “Não decifraremos a complexidade da atividade cerebral enquanto não descobrirmos exatamente como funciona a matéria no nível atômico”, diz Penrose. Em outras palavras, no fundo ninguém sabe onde termina o cérebro e começa a mente – ou exatamente como os pensamentos imaterias podem ser estocados fisicamente no cérebro por meio de interações biológicas e químicas num processo que chamamos de memória. Num ambiente de tanta incerteza, imagine o que aconteceria se alguém perguntasse “onde fica a alma?” ou “o que é o espírito?” Responde Trefil, com humildade: “Nem todas as indagações humanas pertencem ao universo da ciência”.
Num mundo mergulhado em computadores e badulaques eletrônicos, tem-se a impressão de que esse é o campo das atividades científicas que mais evolução experimentou – e um futuro mais brilhante tem pela frente. Sem duvida, a miniaturização dos componentes eletrônicos e a expansão da capacidade de processamento dos chips foram um processo estrondoso. Um computador doméstico custa hoje um milésimo do que um modelo científico de alguns anos atrás – e é 100 vezes mais poderoso. Toda essa revolução, no entanto, pode estar já beliscando seus limites. “O computador como o conhecemos é uma máquina do passado”, diz o americano Michael Dertouzos, diretor do laboratório de ciência da computação do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, MIT. “O computador do futuro terá de ser reinventado, Ele será uma coisa bem diferente do que conhecemos hoje e, muito provavelmente, não será derivado da estrutura das máquinas atuais.” Dertouzos, em duas décadas como professor e diretor do MIT, ajudou a criar muitas das tecnologias que agora critíca. No livro What Will Be (O que Será), que acaba de ser publicado nos Estados Unidos, Dertouzos prevê que os computadores terão de ser simplificados se quiserem sobreviver. “É inaceitável que em alguns anos de uso o dono de um PC acumule tantos manuais quantos são os volumes da Enciclopédia Britânica“. diz Dertouzos. “O computador precisa evoluir, e rápido. Só que quem os fabrica não sabe em que direção.”