A origem do universo – Das perguntas sem respostas nessa área, duas são consideradas fundamentais pelos investigadores. A primeira, simples e assustadora, é: “Por que o universo existe?”. Ou, de outra forma: “Por que existe alguma coisa no lugar do nada?”. A melhor resposta, altamente insatisfatória, vem de um grupo de pesquisadores liderados pelo cosmologista americano Alan Guth. Segundo ele, o universo nasceu por acaso de um mau funcionamento do vácuo que o precedeu. O nada que existia antes do universo, sustenta Guth, era um ambiente em que partículas energéticas de cargas opostas passavam os dias anulando-se mutuamente, como um jogo de futebol que sempre termine em zero a zero porque todos os jogadores possuem exatamente as mesmas qualidades. Um dia, não se sabe bem por quê, um tipo de partícula desempatou o jogo e predominou sobre as demais, criando a massa original que resultou na grande explosão primordial conhecida como Big Bang. Mais fácil acreditar no Gênesis bíblico? Talvez. “Melhor pensar no fenômeno da criação do universo como um evento atípico, uma perturbação dessas que ocorrem mesmo nos sistemas mais equilibrados e ninguém sabe bem por quê”, resume o físico Edward Tyron.
A segunda pergunta cosmológica que tira os cientistas do sério é sobre a origem e natureza de uma grande confusão científica chamada “matéria escura”. as modernas teorias sobre nascimento, vida e morte do universo só ficam de pé apoiadas na idéia da existência dessa misteriosa substância. “Não bastassem os mistérios do mundo visível e tangível, ainda temos de conviver com o fato de que 99% do universo é feito de matéria escura, uma substância absolutamente misteriosa sobre a qual nada sabemos”, afirma Robert Hazen. Bota mistério nisso. Apesar de onipresente, a “matéria escura” é invisível mesmo aos mais poderosos telescópios da Terra. As certezas dos cientistas, por enquanto, se limitam ao que não é a “matéria escura”. Em resumo, nada do que é observável por meios óticos ou detectável pelos instrumentos terrestres pode fazer parte desta matéria. Atualmente, a maioria dos cientistas acredita que o candidato favorito para ser o recheio da massa escura do universo é o neutrino, uma partícula subatômica sem carga elétrica que é a mais abundante no cosmo. O problema é que nenhuma equipe de astrofísicos conseguiu determinar se o neutrino tem massa. Dificilmente isso será feito nas próximas duas décadas. “Enquanto não se puder medir a massa do neutrino, a macarronada da cosmologia moderna ficará esfriando sobre a mesa, cada vez mais insossa e difícil de engolir”, diz James Trefil, físico da Universidade George Mason e autor do livro Fronteiras do Desconhecido, que inspirou esta reportagem.
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