Talvez muitas pessoas perguntem por que mais uma tradução, para o vernáculo, de O Livro dos Espíritos.
Sem dúvida, há excelentes trabalhos nesse sentido como, por exemplo, o de Guillon Ribeiro, utilizado pela Federação Espírita Brasileira, e o de J. Herculano Pires, do qual se servem várias editoras. Sentimos, por isso, necessidade de nos explicarmos aos nossos leitores.
A iniciativa desta tradução prendeu-se a dois fatores principais e relevantes, que a justificam plenamente.
Em primeiro lugar, tinha o Instituto de Difusão Espírita, que está editando a presente obra, necessidade da própria tradução a fim de dar cumprimento ao seu objetivo de colocar os livros básicos da Codificação Kardequiana a preços acessíveis às bolsas de menores recursos.
Em segundo lugar, porque adotando o método de tradução literal dos textos, entrevemos a oportunidade de dar-lhes mais autenticidade, aproximando-os, o mais possível, nas próprias palavras dos Espíritos e nas elucidações de Allan Kardec.
Não tivemos a menor preocupação de fazer literatura, e notar-se-á, talvez, que muitas frases restaram literariamente paupérrimas em função da clareza e da literalidade dos textos.
Ocorre que a mensagem espírita não se dirige às academias, nem aos literatos, conquanto também deva alcançá-los, mas à comunidade, uma vez que os espíritas constituem imensa família de corações.
Não que o Espiritismo seja uma doutrina vulgar, mas porque em nos achando expostos às provas e vicissitudes da vida, experimentamos todos, em nossa época, a premente necessidade de alçar o pensamento à procura de soluções para os aflitivos porquês em que nos emaranhamos nas tribulações do dia-a-dia, e a força que nos responde e esclarece é justamente o Espiritismo, com as mensagens de consolação e esperança, realidade e vida eterna, de que se faz o excelso portador.
Mas, em verdade, necessitamos de textos simples para acompanhar e compreender os nossos próprios pensamentos, mormente quando se trata de idéias filosóficas que envolvem processos evolutivos e metas por alcançar, que, muitas vezes, nos fogem às possibilidades de análise com o próprio raciocínio.
Com esta explicação, entregamos nosso trabalho à imensa família espírita brasileira, não sem antes rogar indulgência para as nossas falhas.
SALVADOR GENTILE, Tradutor.
ELIAS BARBOSA, Revisor.
Araras, 18 de Abril de 1974.